Por Adm. Marizete Furbino
"Manitou, não me deixes julgar um homem, sem que eu  tenha andando durante duas luas com suas sandálias”. (Prece de um índio  Navajo)
O pré-julgamento é  uma das atitudes mais perniciosas que o ser humano eventualmente possa  ter, pois antecipar-se a um fato fazendo um pré-julgamento pode ser  danoso, e muita das vezes traz conseqüências e “seqüelas” irreversíveis.  
Neste mesmo sentido, pré-julgar muitas vezes pode  ser fatal, pois ao tomar conhecimento desse fato, o envolvido poderá  romper definitivamente os laços de afeto, tanto no que tange à sua vida  pessoal quanto profissional, acarretando danos muitas vezes  irreparáveis.
O tema, entretanto, traz à tona a  importância de se lembrar que todo e qualquer pré-julgamento, como o  próprio nome diz, é prévio, ou seja, realizado anterior à constatação da  apuração da verdade dos fatos. Desta forma, trata-se de pura  especulação, não passando de meras deduções apressadas, o que poderá  conter inúmeras falhas, devido ao não conhecimento real do fato  vivenciado, distanciando bastante da verdade.
Vale a  pena ressaltar que em muitas vezes os obstáculos, bem como todas as  confusões existenciais quanto ao pré-julgamento, existem somente na  cabeça do pré-julgador, não passando de “tempestades em copos de água”, o  que permite ao pré-julgador somente sofrer de forma antecipada e tomar  decisões “erradas”.
Desta feita, é incontestável  que a pessoa que está sendo pré-julgada, quando ciente do  pré-julgamento, deve ter sabedoria e muito equilíbrio emocional para  fazer uma reflexão sobre o acontecimento e pessoas envolvidas. Deve  verificar com calma tal fato, tendo controle emocional sobre o que pensa  e o que verbaliza, evitando assim de fazer novos pré-julgamentos.  Igualmente, deve pontuar qual o valor que o pré-julgador tem para você,  assim como para a sua empresa, tendo a sabedoria e a grandeza de relevar  tal fato, tendo em vista os benefícios advindos deste colaborador em  determinado tempo anterior a tal fato.
Enfim, a  melhor forma de não fazer o pré-julgamento é manter sempre um  comportamento transparente, que somados com a humildade, empatia,  respeito pelo próximo, ter sempre com as demais pessoas ao seu redor um  diálogo aberto e franco; desta maneira, todos os fatos se esclarecem,  tudo se resolve, pois se reconhecem os possíveis erros e acertos,  retornando então a um clima harmonioso, o que evita futuros desgastes,  contribuindo tais atitudes para a melhora da produtividade.
É crucial perceber que apontar o dedo ao próximo é fácil  demais; difícil é se colocar no lugar do outro, tentando saber as razões  e motivos que o levaram a exercer tais ações. Assim, antes de fazer um  pré-julgamento e /ou condenar alguém, é preciso pensar e repensar muito,  além de manter um diálogo transparente com o envolvido.
É fato inquestionável que o pré-julgamento, além de não  beneficiar nenhuma das partes envolvidas – acusado e acusador – é sempre  danoso, e na maioria das vezes injusto, devido ao fato de ainda não se  ter o conhecimento à luz da verdade dos fatos e baseando somente em  deduções e julgamentos prévios.
Impressiona-me,  todavia, o fato das pessoas ignorarem o fato de que quem está com os pés  sobre a terra a tudo sujeito está. Todo profissional deve enxergar que,  se hoje você pré-julga alguém na empresa, amanhã esta pessoa poderá ser  seu superior em outra empresa e vice-versa; assim, a vida muitas voltas  dá. Desta forma, toda cautela é pouca. Desta forma procedendo, devemos  monitorar nossos comportamentos, atitudes e principalmente nossa fala,  para evitar futuros transtornos em nossa vida pessoal e profissional. 
É um erro crasso pensar que estaremos no “pódio” para  sempre. Pior ainda é ter a ilusão de imaginar que, só por estar no  “pódio”, temos o direito de pré-julgar alguém. Ledo engano.
Diante do que foi apresentado, é de fundamental  importância conscientizar-se e pensar sempre que o mercado necessita e  valoriza as pessoas com características genuínas, como transparência,  ética, sinceridade. São igualmente bem-vindas as pessoas que saibam  colaborar, compartilhar, trabalhar e se relacionar em equipe, pessoas  que se doem de verdade, que trabalhem em prol da empresa de fato, não  perdendo tempo com atos mesquinhos. Uma demissão impensada baseada  apenas em julgamentos prévios, é ato tão danoso quanto o próprio  pré-julgamento. Tais atitudes servem para denegrir a imagem da empresa, o  que a comprometerá perante o mercado; assim, quem almeja solidez no  mercado deve ficar atento às suas atitudes e comportamentos, pois, são  estes dois pilares que o sustentarão e/ou o demitirão e até mesmo o  excluirão do mercado.
Somados a isso, é pertinente  salientar que emitir pré-julgamentos é fácil demais, difícil é nos  posicionarmos no lugar do outro. Assim sendo, temos que  conscientizar-nos de que não podemos fazer pré-julgamentos sem antes  apurar a veracidade dos fatos, caso contrário, poderemos cometer o risco  de sermos bastante injustos e fatalmente os responsáveis por  conseqüências irreversíveis.